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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Universitária cega conta como superou dificuldades para conseguir estudar

Estudante chegou a andar descalça para conseguir identificar o prédio.
Foto: Richard Pereira/Divulgação

Kary Janaína Sales é aluna de teologia e trabalha na biblioteca digital para deficientes visuais

Para aprender a circular pela universidade onde cursa o 5º ano de teologia, Kary Janaína Sales, 29 anos, passeou descalça pelo prédio, tateou as paredes e ficou amiga dos seguranças da instituição. Ela precisou, ainda, superar a falta de estrutura da faculdade para recebê-la. Hoje, totalmente inserida na rotina de um universitário comum, ela comemora e se tornou funcionária da própria entidade.

No entanto, a situação de Kary não representa a realidade de todos os 6,8 mil estudantes portadores de deficiência, matriculados em instituições de ensino superior no Brasil. O dado é do Ministério da Educação (MEC).

Para que mais pessoas com deficiência consigam fazer parte da rotina de uma sociedade, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade) organiza diversas ações nesta segunda -feira (21), Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Ao lado de outras entidades que lutam pela acessibilidade dos deficientes, estão programados eventos em todo o país com os temas cidadania e acessibilidade para todos.

Inclusão social

Quando entrou na Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, Kary não tinha acesso aos livros do seu curso por falta de material adaptado.

Hoje, a estudante, que é cega de nascimento, é funcionária da biblioteca digital para pessoas com deficiência visual. Os livros são digitalizados e disponibilizados para que os alunos ouçam o conteúdo.

“Quando eu cheguei, os professores não estavam preparados para me receber. Eles ficaram um pouco perdidos porque ainda não tinham convivido com cegos. Mas, nas escolas, a literatura sempre é o maior problema”, diz Kary, que veio sozinha de Rondonópolis (MT).

A mesma sorte não teve Marcio Aguiar, que foi desmotivado a fazer o curso de fisioterapia pela própria faculdade já na inscrição do vestibular. “Eles me falaram que a instituição, que é particular, não tinha como me atender e que era para eu procurar outra universidade.”

Aguiar insistiu e diz ter provado à instituição que, mesmo cego, ele é tão capaz como qualquer outro aluno. “A partir do meu exemplo, a faculdade começou a investir em acessibilidade e inclusão. Eu me formei entre os melhores da turma.” A experiência motivou o fisioterapeuta a se engajar nos movimentos para garantir os direitos de inclusão e hoje ele é conselheiro do Conade e representante do Centro de Vida Independente (CVI).

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